“Essa eiró que se evade”
A única mazela que não lava
do tempo a marcha para a eternidade
é porventura a chaga da saudade,
que quanto mais se trata mais se agrava.
Enquanto para o resto das feridas
de natureza física ou moral
mezinhas há de todo garantidas,
nenhuma da saudade extirpa o mal.
Ódios, afrontas, golpes desleais,
no rol do esquecimento vão ficando
à medida que os anos vão passando.
Mas a saudade, essa doença estranha,
que toda a gente, a bem dizer, apanha,
pior o tempo a faz… cada vez mais!
João de Castro Nunes
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