Pena por destino
(Camoneando)
Irou-se contra mim o céu divino,
mandando-me um sem fim de malefícios,
de nada me valendo os exercícios
que vou fazendo contra o meu destino.
Bicho da terra e nela peregrino
e, como tal, eivado dos seus vícios,
em vão me aplico inúmeros cilícios
e minhas próprias faltas abomino.
O mal foi vir ao mundo, certamente,
por culpas que não tive ou que não tenho
nem posso consertar, por mais que tente.
Por estes sentimentos dominado,
a Deus suplico, por seu santo lenho,
que me liberte deste horrendo fado!
João de Castro Nunes
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