Retardatário
Foram morrendo todos; eu fiquei
não sei por que motivo, francamente,
mas o que é certo é que, por qualquer lei
que me transcende, ainda estou presente.
Entes queridos, meus familiares,
amigos simplesmente, vi partir,
furtando-se de
vez aos meus olhares
e que aliás não cesso de carpir.
Enquanto Deus quiser, vou-me arrastando
pelas ruas e praças da cidade,
meus mortos entre rezas evocando.
Imaginando tê-los ao meu lado,
vou suportando o ónus da saudade
cada dia que passa… mais pesado!
João
de Castro Nunes
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