“Ella no está conmigo”
Para fazer poemas de tristeza
irresistivelmente hoje me deu,
como os que Ovídio em tempos escreveu
hostilizado pela natureza.
Também Neruda os escreveu, pensando
naquela junto à qual ditoso fora,
mas porventura se encontrava agora
em braços outros se deliciando.
O caso meu não é; pelo contrário:
eu sempre a quis e sempre me quis ela
num permanente frenesim diário.
Toda a minha tragédia foi perdê-la,
ficando-me a esperança de a voltar
a ter no céu comigo… se calhar!
João
de Castro Nunes
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