A sedutora
A morte anda connosco de mão dada,
sentando-se connosco nos jardins,
rosas colhendo, cravos e jasmins,
qual noivo a par da sua namorada.
Nunca o rosto lhe vi, mas imagino
que alguns encantos deve ter, perante
o modo como certo mendicante
se lhe entregou festivo como um sino.
Quantos heróis nos campos de batalha
Dela se cativaram… permitindo
que o peito lhes crivassem de metralha!
Eu quero crer, sem morbidez alguma,
que seu semblante deverá ser lindo
e seu contacto… leve como espuma!
João de Castro Nunes
É verdade, poeta, ninguém conhece o rosto da morte. Raros são os que sabem dar-lhe a mão com uma serenidade extraordinária. Um presente dado a quem soube viver,a quem soube sempre que aquela parcela do indizível, do inefável e do misterioso toma o nome da claridade assim que passar a porta estreita.
ResponderEliminarMas o que eu quero realmente dizer e não encontro as palavras é em como é impressionante ler este soneto num sentido completamente diferente. Carregado de vida. A morte habilmente personificada. Raro! É mesmo raro, poeta!
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