Soneto nº 1.850
Abaixo a
eternidade!
Ao nosso Criador, quem quer que seja,
importa agradecer… ter limitado
nossa existência, que ninguém deseja
ir para além de um tempo moderado.
Podia acaso haver maior tortura
que fazer-nos viver eternamente,
mesmo que a vida fosse uma doçura
e se passasse o tempo a dar ao dente?
Em demasia tudo na existência
acaba por fartar e causar tédio,
perdendo seus contornos de excelência.
Tenhamos, pois, em mente que morrerem
mais não será, talvez, do que um remédio
para as pessoas… não se aborrecerem!
João de Castro Nunes
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