Gravata preta
No
nosso lar as festas acabaram
e em cinzas se fizeram os carvões
que
no fogão de sala crepitaram
durante
os nossos últimos serões.
Na nossa casa tudo agora é triste
desde que foste para o céu morar
e só
o teu retrato ainda insiste
em não deixar teu rosto se apagar.
Na solidão, porém, da nossa casa
eu sinto perpassar um bater de asa
numa carícia de afeição antiga:
vem, meu amor, de quando em vez riscar
a noite com a luz do teu olhar
como se fosses uma estrela amiga!
João de Castro Nunes
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