À Morte
Da pátria minha os muros eu revia
outrora fortes, hoje derrubados,
da própria idade achando-se cansados,
que os anos vão tirando a valentia.
Saí ao campo e vi que o sol sorvia
os líquidos arroios degelados
e do monte queixosos vi os gados
por sua sombra a luz roubar ao dia.
Em casa entrando vi que esmazelada
havia só despojos pelo chão
e meu bordão mais curvo e menos forte.
Senti dos anos velha a minha espada
e que na minha antiga habitação
tudo eram só… recordações da morte!
Francisco de Quevedo
(Versão portuguesa de
João de Castro Nunes)
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