Soneto nº 2.260
Alto e distante
Em ti, Camões, há muito de fingido
pelo que toca à roda da fortuna
que em termos de alegórico sentido
matéria te fornece de tribuna.
Outros antes de ti questionaram
Idênticos aspectos da inconstância
que rege a
vida humana em que buscaram
motivações de mera circunstância.
Se certo foi que em lides amorosas
não foi tua existência porventura
um permanente e doce mar de rosas,
presente tem, Camões, que no restante
e mais que nada na literatura
sempre um lugar marcaste alto e distante!
João de
Castro Nunes
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