À laia de
toupeira
Quando a morte chegar à minha beira
para fechar-me os olhos, pondo fim
à minha longa vida, seja assim
como uma oculta e lépida toupeira.
Após abandonar a sua toca
o rosto nem sequer lhe quero ver
e nem sentir-lhe o hálito da boca
que eu imagino como deva ser.
Abeire-se de mim sem que eu dê conta
e de um só golpe rápido e certeiro
dos meus compridos anos feche a conta.
Se acaso a morte deste modo fosse,
sem ver-lhe a cara nem sentir-lhe o cheiro,
até morrer… me parecia… doce!
João de
Castro Nunes
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