Horas
trocadas
Vezes sem conta a poesia vem
tocar-me à campainha, forte e feio.
sem todavia me encontrar, porém,
disposto a perguntar-lhe ao que é que veio.
Faço-me então de surdo ou distraído
a porta não lhe abrindo por mais que ela
insista em provocar farto ruído
batendo com seus dedos na janela.
Nem sempre a lira temos afinada
e mãos purificadas ou cativas
para a atender de forma adequada.
A nossa mente, nesta contingência,
sem que haja outras quaisquer alternativas,
opõe-lhe involuntária… resistência!
João de
Castro Nunes
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