Overdose
Doente devo estar de poesia
que me afecta os sentidos grandemente,
um género de mal pouco corrente
e de quase impossível terapia.
Já passei meses numa enfermaria
a cargo de
pessoa competente,
de lá saindo ainda mais doente
a braços com feroz melancolia.
Meu mal foi ter-me sem medida ou peso
em doses excessivas encharcado
desse veneno de que me acho preso.
O dom da poesia… recebi
e de tal modo dele fui tocado
que em beco sem saída me meti!
João de
Castro Nunes
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