Rosas e cacos
(sonata de
outono)
Pelas rosas de outono tenho um fraco
que do fundo me vem do coração
idêntico ao que numa escavação
experimento quando topo um caco.
Desperta-me uma certa simpatia
tudo o que é decadente, fora de uso,
mesmo que seja um simples parafuso
analisado à luz da arqueologia.
As rosas outonais têm para mim
quer postas nos jarrões quer no jardim
um não sei quê de poderoso encanto,
como de sobra tudo aquilo quanto
me fala de uma espécie de abandono
das coisas ancestrais que não têm dono!
João de
Castro Nunes
Sem comentários:
Enviar um comentário