Sacanagem!
O povo de Arganil, por seus autarcas,
me distinguiu com a medalha de ouro
antes que as três incontornáveis parcas
decidissem levar-me ao matadouro.
Esse ouro nunca o vi: segundo é fama,
empenhado o terão na capital
por tuta e meia em conjurada trama
com a intenção de me deixarem mal.
Bocageando, eu fiz este soneto
a fim de lhes dizer, em tom faceto,
que a introduzissem pelo recto acima.
Não me faltam razões, no meu conceito,
para ter jus, ou seja, ter direito
do povo de Arganil… à sua estima!
João
de Castro Nunes
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