Voltando a Cafarnaum
Porque ouviste, Senhor, a minha prece
aliviando um pouco o sofrimento
do meu filho doente, que padece,
em mim não caibo de contentamento!
Da mesma forma, que não mais me esquece,
em que, perante o seu padecimento,
por ele te pedi, neste momento
minha alma de joelhos te agradece.
Dou-te por ele, se preciso for,
a minha própria vida, muito embora
não tenha para ti… grande valor.
De qualquer modo, devotadamente,
de hoje em diante, pela vida fora,
sempre de rastos me terás na frente!
João
de Castro Nunes
Um presente de Natal, poeta. Abençoado!
ResponderEliminarPerder alguém… Não há palavras para o expressar, nem há livro que o descreva. Sabe disso um pai, uma mãe, um filho, um irmão, um marido, uma mulher, um amigo de verdade. A quem permanece resta um quase silêncio, uma prece amorosa, uma presença. Quando o outro vai, parte do mistério da vida vai com ele. A parte que fica torna-se ainda mais intrigante. E por vezes vem a descoberta de uma relação profunda entre a vida e a morte.
ResponderEliminarPara onde foste? Para quem? Ouves-me? Havemos de nos ver de novo? Como será o reencontro? Acabou-se para sempre ou ele apenas foi à frente? Porquê agora? Porquê desta maneira? As perguntas insistem em aparecer, as respostas não são claras. E dói, dói, dói. Cada um assimila da maneira que pode, aquilo que não tem explicação.
Serenemos. Porque algo infinito acolhe, algures, tudo o que era do mundo. A vida agora é outra dimensão, alcançou a plenitude. Claro que quem fica ainda sofre, ainda se pergunta, mas como a vida é um riacho que desagua num rio, sabemos que um dia não precisaremos de enxugar as lágrimas. Por enquanto, temos de suportar o mistério, porque alguém fechou os olhos e partiu para sempre. Mas quem ama sabe que não acabou tudo, crê que a vida é apenas uma, que começa aqui e continua depois fora do Tempo e infinitamente livre. É por isso que devemos sempre manter o laço com a nossa nova estrela. Só vivemos um encontro longamente adiado com um amor infinito.
Um abraço sentido, poeta.