Morrer em vida
Na hora em que morreste, ó meu amor,
morri também contigo: a vida foi-se,
cortada cerce pela mesma foice
que te levou de mim para o Senhor.
Se ainda me pulsa o coração no peito,
é pura circunstância biológica,
sem sentido nenhum, sem qualquer lógica,
pois mais não é que um acto contrafeito.
Corpo sem alma é desde agora o meu,
clamando dia e noite contra o céu
que me privou da tua convivência.
Sem já ter alma, que viver é este
a partir do momento em que morreste
deixando-me sozinho na existência!...
João de Castro Nunes
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