Eu nem quero pensar naquele dia
em que certa mocinha consentiu
em ter meu apelido, que assumiu
como quem toma a santa eucaristia!
Tempos depois foram surgindo os filhos,
cujo apelido herdaram de bom grado
e pela vida fora, lado alado,
seguimos todos
pelos mesmos trilhos.
Quase meia centena somos hoje,
se da memória a conta não me foge,
os descendentes desse casamento.
Só que a mocinha que me deu o sim
quis Deus levá-la para o céu sem mim,
deixando-me em perpétuo sofrimento!
João de Castro Nunes
Não existe o perpétuo sofrimento, caro poeta João de Castro Nunes. Julgamos andar a passo de caracol, mas é justamente o mistério a entrar no nosso tempo para que se ascenda à dimensão de eternidade.
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