Relíquia tua
Em cima da cadeira colocado,
exactanente como o lá puseste,
se encontra aina o livro iniciado
nas vésperas do dia em que morreste.
Aberto está na página, amor meu,
que estavas lendo quando te deitaste
mal suspeitando que seria o céu
que te aguardava assim que despertaste.
O pó todos os dias lhe sacudo
e com carinho as folhas desinfecto
para as não devorar qualquer insecto.
Em cima da cadeira continua
até que eu morra e abandone tudo
o que constituiu… relíquia tua!
João de
Castro Nunes
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