quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


                               Regra de ouro



                   Só com a idade, ao cabo da existência,
                   é que se chega, creio, a perceber,
                   em toda a sua lúcida evidência,
                   em que consiste a arte de viver.


                   Importa, antes do mais, reconhecer,
                   como se fruto fosse da ciência,
                   que é necessário procurar manter
                   até final o sol da adolescência.


                   Evite-se exprobrar a juventude,
                   por onde já passámos nós também,
                   pois ela deve ser como convém.

                   O mal mais grave da longevidade
                   é, face à natural decrepitude,
                   perder-se o ardor… da criatividade!


                              João de Castro Nunes                  

2 comentários:

  1. Viver não é arte, é durar a fingir
    Que alguma coisa tem importância…
    Fazer de conta que relevância
    É a palavra forte de existir.

    Importa reconhecer que nada importa,
    Nem o fruto da ciência, nem o saber,
    Nem o amor que temos ou nos dizem ter
    Nem a hora que passa sempre morta.

    Longevidade é ver demasiado
    Demasiado longe sem afinal ver…
    Tudo o que se vê é cimo e lado.

    A lucidez da evidência é perceber
    Que a vida passa mesmo sem arte
    Que a arte é só outra forma de morrer.

    F. W.

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  2. Se de morrer a arte é outra forma,
    não se me dá morrer neste conceito,
    dele fazendo impreterível norma
    sem qualquer restrição levada a peito!

    JCN

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