Na colecção de Cristos que eu herdei,
de barro, de madeira e de marfim,
à qual mais tarde alguns acrescentei
de não menor valia quanto a mim,
há meia dúzia deles mutilados,
sem braços sobretudo, que eu prefiro
a todos os demais, bem conservados,
pois propriamente é neles que me inspiro.
“Cristos sem braços” – me dirão talvez –
“para que servem se nenhuma vez
serão capazes de abraçar alguém?”
Para dentro de mim falando a sós
não deixarei de comentar porém:
“Os braços desses Cristos somos nós!”
João de Castro Nunes
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