domingo, 2 de setembro de 2012



                                                 O retrato


                        Que distante me encontro de Pessoa,
                   que longe estou da sua opacidade
                   que toda a sua poesia invade
                   e dos meus versos em geral destoa!


                   Detesto aquele seu chapéu burguês
                   e o bigodinho à laia de caixeiro
                   que no retrato que o Almada fez
                   o tornam muito pouco lisonjeiro.


                   Há qualquer intenção nessa pintura
                   de apresentar de forma caricata
                   a sua vulgaríssima… figura.


                   Como haviam as damas de ficar
                   apaixonadas… pelo patarata
                   que sempre esteve longe de as amar!


                          João de Castro Nunes

1 comentário:

  1. Cláudia da Silva Tomazi3 de setembro de 2012 às 05:26

    Talvez da lição seja:

    "Quem pinta a inteligência nem compreenda da ciência".

    E que ciência nem mais bela que o amor! Diria do compromisso fidedígno das letras, este mistério supera qualquer sentido da inteligência por compreender-se ou dar formas. Ah, poeta tua língua portuguesa a expressão deste generoso sentido.

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