sábado, 31 de dezembro de 2011

Saudade

Saudade é sida que se pega à gente
por mais que não se queira ou que se faça:
não se pode evitar ficar doente
por ser o mal maior da nossa raça.

Trazemos a moléstia nas entranhas
como se fosse um vírus insanável
que toma às vezes proporções estranhas
causando imensa dor, mas agradável.

"Delicioso pungir de acerbo espinho",
como um grande Poeta lhe chamou,
a todos nos atinge um bocadinho.

O mal consiste, convencido estou,
no termo em si, nessa palavra mista
que só na nossa língua se regista!

João de Castro Nunes

4 comentários:

  1. Glosando a 1ª quadra:

    SAUDADE É SIDA QUE SE PEGA À GENTE
    um mal muito difícil de sarar,
    por vezes um minuto de contente
    reverte em uma hora de chorar!...

    É peste que entra em nós e de momento
    POR MAIS QUE SE NÃO QUEIRA OU QUE SE FAÇA:
    talvez revele algum contentamento,
    mas quem a tem, a toma por desgraça.

    Significa a Saudade o que se sente
    por uma triste ausência, em vivo anseio:
    NÃO SE PODE EVITAR FICAR DOENTE
    nem devolvê-la, assim, pelo correio...

    Ai, quantas vezes entra no miolo
    ninguém sabendo quanto nos abraça
    nas horas de dormir, sem um consolo...
    POR SER O MAL MAIOR DA NOSSA RAÇA.

    CLARISSE BARATA SANCHES

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  2. A saudade é uma moléstia
    parecida com a sida:
    mesmo depois de vencida,
    sempre nos fica uma réstia!

    JCN

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  3. Se a saudade em Portugal,
    como se fosse uma empresa,
    pagasse imposto fiscal,
    era um poço de riqueza!

    JCN

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  4. A beleza aqui transborda
    Do centro e laterais
    É tecida como a corda
    Desde o começo aos finais.

    A beleza que transmite
    Na doçura da viagem
    Aguça o meu palpite
    Em fixar esta paragem.

    Sonetos são como flores
    Desabrochando velozes
    Navegando em multi cores.

    Eu sou do jardim Açores,
    Rumando nas vossas vozes
    Num deslumbre de valores.

    Rosa Silva ("Azoriana")

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