sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Gostosa dor

Um fogo interior, vivo e ardente,
chamado amor, que escalda mas não dói,
um fogo que queimando não destrói,
tem-me feito sofrer... gostosamente.

Camoneadamente me expressando,
apraz-me registar o contra-senso
que em mim se dá também, segundo penso,
de sofrendo no fundo estar gostando.

Por isso, meu amor, não faças caso
de ser a minha dor tanto maior
quanto maior o amor em que me abraso.

Se por amor sofrer nunca é demais,
deixa-me então penar cada vez mais,
convertendo em prazer a minha dor!

João de Castro Nunes

1 comentário:

  1. E d'este amor que tanto vos abrasa,
    suspira a pomba que no bater das asas
    voa calessa no céu que ardendo em brasa
    seguira no fogaréu, carrossel é vossa casa!

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