Um fogo interior, vivo e ardente,
chamado amor, que escalda mas não dói,
um fogo que queimando não destrói,
tem-me feito sofrer... gostosamente.
Camoneadamente me expressando,
apraz-me registar o contra-senso
que em mim se dá também, segundo penso,
de sofrendo no fundo estar gostando.
Por isso, meu amor, não faças caso
de ser a minha dor tanto maior
quanto maior o amor em que me abraso.
Se por amor sofrer nunca é demais,
deixa-me então penar cada vez mais,
convertendo em prazer a minha dor!
João de Castro Nunes
E d'este amor que tanto vos abrasa,
ResponderEliminarsuspira a pomba que no bater das asas
voa calessa no céu que ardendo em brasa
seguira no fogaréu, carrossel é vossa casa!