Jubilação
Quando a morte vier beijar-me o rosto
e dar por terminada a minha vida,
não deixarei de a receber com gosto
após uma existência tãocomprida.
De tudo tive um pouco, desde a graça
de um grande amor, que a vida me alegrou,
até ao bater de asas da desgraça
que à porta me bateu, quando passou.
Deixo na terra larga descendência
e uma obra literária, cujo peso
iguala quarenta anos de docência.
Venha ela, pois, quando quiser, a morte,
que há-de encontrar meu candeeiro aceso
e minha bússola… apontando o norte!
João de Castro Nunes
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